comungo com as pequenas coisas
com o que mergulha no sumidouro
das horas mortas
com flores miúdas que harmonizam
o jardim e
com abelhas que somem
no impulsivo vôo da memória
estabeleço um tempo para a fruição do
que mensuro no pulsar das coisas
tortas e nos espaçamentos da alma
depois teço a esperança de surgir no eito
do cansaço
como se os limbos da calma que degola
meus gestos pusessem em minhas mãos o
lodo cinzento do que não sou
a lua permanece intacta entre as
nuvens a devorar o uivo e um lobo
sedento de paisagens inanimadas
num sussurro ao silêncio
suprimo o hálito das estrelas e a escuridão
contempla meu olho nu
(Lau Siqueira ls – da série poemas vermelhos
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