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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ir, sobretudo, em frente






Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro—e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

(Caio Fernando de Abreu)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Tente...





Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto,

uma árvore,

um pássaro,

um rio,

uma nuvem.

Pelo menos sorria, procure sentir amor.

Imagine.

Invente.

Sonhe.

Voe.

Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores.

Eu não estou fazendo nada de errado.

Só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas.

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A vida do jeito que ela é...




(...) a vida é tecelã imprevisível.
(Caio Fernando de Abreu)

sábado, 8 de novembro de 2008

(...)


"E, de qualquer forma, às cegas, às tontas, tenho feito o que acredito, do jeito talvez torto que sei fazer."
(Caio Fernando de Abreu)

(...) e neste caminho vou perdendo e tentando conter a sangria das feridas.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Banco das Praças

" Eu vou ficar esperando
você numa tarde cinzenta de inverno
bem no meio de uma praça,
então os meus braços
não vão ser suficientes para abraçar você
e a minha voz vai querer dizer tanta
mas tanta coisa
que eu vou ficar calada um tempo enorme
só olhando você sem dizer nada
só olhando e pensando
meu deus mas como você me dói de vez em quando".
(Caio Fernando de Abreu)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Caio Fernando de Abreu numa noite de domingo ...


Era isso — aquela outra vida,
inesperadamente misturada à minha,
olhando a minha opaca vida
com os mesmos olhos atentos
com que eu a olhava: uma pequena epifania.
Em seguida vieram o tempo,
a distância,
a poeira soprando.
Mas eu trouxe de lá a memória
de qualquer coisa macia
que tem me alimentado nestes dias
seguintes de ausência e fome.
Sobretudo à noite, aos domingos.
Recuperei um jeito de fumar
olhando para trás das janelas,
vendo o que ninguém veria.

"Só quero ir indo junto com as coisas,

ir sendo junto com elas,

ao mesmo tempo,

até um lugar que não sei onde fica,

e que você até pode chamar de morte,

mas eu chamo apenas de porto."

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Dia após dia ...


"Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros..."
(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A gente cai no poço todos os dias!

Primeiro você cai num poço.
Mas não é ruim cair num poço assim de repente?
No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço.
A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço
do poço.
Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A
gente não sente medo?
A gente sente um pouco de medo mas não dói.
A gente não morre?
A gente morre um pouco em cada poço.
E não dói?
Morrer não dói. Morrer é entrar noutra.
E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço
você vai descobrir quê.
Caio Fernando de Abreu

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Tudo um dia acaba...

Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.

E numa louca corrida
entregarei meu ser
ao ser do tempo
e a minha voz
à doce voz do vento.

(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Desabafo & Esperança

Será possível que a HIPOCRISIA predomina em todos os lugares?
Será possível que todas as pessoas e seus sentimentos - se alimentam da HIPOCRISIA?


" (...) as pessoas falam coisas,
e por trás do que falam
há o que sentem,
e por trás do que sentem
há o que são e nem sempre se mostra (...)"
(Caio Fernando Abreu)




Artigo III - Estatutos do Homem

(Thiago de Mello)

Fica decretado que, a partir deste instante,

haverá girassóis em todas as janelas,

que os girassóis terão direito

a abrir-se dentro da sombra;

e que as janelas devem permanecer,

o dia inteiro, abertas

para o verde onde cresce a esperança.






quarta-feira, 10 de setembro de 2008

E eu me pergunto

E eu me pergunto
se viver não será
essa espécie de ciranda de sentimentos
que se sucedem
e se sucedem
e deixam sempre
sede no fim.
(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Tudo bem ...

Não se tocar,
não pedir um abraço,
não ri,
não dizer nada,
não pedir ajuda,
não dizer que estou ferida,
que quase morri,
fechar os olhos,
ouvir o barulho do mar,
fingindo dormir,
que tudo está bem,
os hematomas no plexo solar,
o coração rasgado,
tudo bem...
(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Deve haver um porto!


“Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro? Deve haver um porto.”
(Caio Fernando de Abreu)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

FIM DAS ILUSÕES ... DE TODAS ILUSÕES!

"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."
Caio Fernando de Abreu

domingo, 10 de agosto de 2008

Saber viver

"... essa aceitação ingênua de quem não sabe que viver é,
constantemente,
construir,
e não derrubar.
De quem não sabe que
esse prolongado construir
implica erros -
e saber viver
implica em não ver esses erros,
em suavizá-los e
distorcê-los
ou mesmo
eliminá-los
para que o restante da construção
não seja ameaçado"
Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 9 de julho de 2008

CANTOS INVISÍVEIS ...

... um pouco de Caio Fernado de Abreu, já que ele vem nos acompanhando dias e dias ...

"De repente sinto medo.
Um medo antigo, o mesmo que sentia o menino escondido embaixo da escada, esperando castigos.
Um medo e um frio que nascem de alguma zona escondida no cérebro, nas lembranças, nas coisas que o tempo escondeu ao avançar, como se recuando súbito pusesse a descoberto todos os cantos invisíveis, todas as teias de aranha recobrindo velhos muros, os mesmos que tantas vezes tentei escalar sem que houvesse nada depois, nenhum caminho, nenhuma casa. Nada."

(Caio Fernando Abreu)