domingo, 29 de junho de 2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Não é nada fácil as despedidas ...
(Milton Nascimento e Fernando Brant)
dia após dia ...
3. mais um dia sufocante
quarta-feira, 25 de junho de 2008
IMPOSSIBILIDADES
(Fabrício Carpinejar)
terça-feira, 24 de junho de 2008
A espera ...
sem angústia e sem pressa
e os passos que deres,
nesse caminho duro do futuro,
dá-os em liberdade,
enquanto não alcances não descanses,
de nenhum fruto queiras só metade."
(Miguel Torga)
Outra Rua ... novas trajetórias...
Nesta Rua
Se esta rua se esta rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
Para o meu, para o meu amor passar
Nesta rua, nesta rua, tem um bosque
Que se chama, que se chama, Solidão
Dentro dele, dentro dele mora um anjo
Que roubou, que roubou meu coração
Se eu roubei, se eu roubei seu coração
É porque tu roubastes o meu também
Se eu roubei, se eu roubei teu coração
É porque eu te quero tanto bem.
domingo, 22 de junho de 2008
Recomeçar
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Tem gente que veio pra ficar ...
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Aprendendo novas culturas
A noite é meu pé de vento
Do meu coração
Para refletir!!!!
UMA
José Arthur Giannotti
Costumo
A
Obviamente,
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
José Arthur Giannotti é
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Passagem das horas
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto,
é pouco para o que eu quero.
(...)
Álvaro de Campos, 22-5-1916
terça-feira, 17 de junho de 2008
... nada ou tudo a perder ... vamos arriscando...
Quero escrever noções
domingo, 15 de junho de 2008
PARA TERMINAR ESTE CHATO DOMINGO...
sábado, 14 de junho de 2008
MEDOS, ATOS & CONSEQÜÊNCIAS
"Se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar”
"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”
José Saramago in Ensaio sobre a Cegueira.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
CORAGEM & OUSADIA
quinta-feira, 12 de junho de 2008
AMORES SÃO SEMPRE POSSÍVEIS ...
João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e
Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
(Carlos Drummond de Andrade)
(Chico Buarque)
Amaram o amor urgente
Naquela cidade
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Frio...
Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe
entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.
(Clarice Lispector)
terça-feira, 10 de junho de 2008
ILUSÕES
Aonde anda o Mar?
Ele recuou?
Desaguou em outro oceano?
Transformou-se em areia?
O que será que foi feito das conchas?
Aquelas conchas que continham os segredos do Mar?
(...)
Não escuto mais o silêncio das suas ondas!
Nem converso com a imensidão dos seus mistérios!
(...)
- O que você disse?
- Ele nunca existiu?
- Ele era Deserto?
Então fui eu que vi miragem!
Projetei ilusões!
Caminhei na areia quente de um Deserto
E nunca mergulhei na imensidão do Mar...
(...)
TRADUZINDO ... perdas, silêncios, mudanças ...
segunda-feira, 9 de junho de 2008
MUDANÇAS DO TEMPO
Mario Quintana - A Cor do Invisível
domingo, 8 de junho de 2008
...um pouco de delicadeza e de lembranças para final de domingo
que tivesse um blue.
Espio sem um ai
SOLIDÃO
sábado, 7 de junho de 2008
GOSTO AMARGO...
"Ingeri um afamado trago de veneno.
Três vezes bendita seja a resolução tomada!
Queimam-me as entranhas.
A violência da peçonha contorce-me os membros,
torna-me disforme,
atira-me por terra.
Morro de sede, sufoco, não consigo gritar.
É o inferno, a pena eterna!
Vede como as labaredas crescem!
Ardo como deve ser.
Vem demónio!"
Arthur Rimbaud - “Uma Estação No Inferno”
sexta-feira, 6 de junho de 2008
PORQUE EM CADA MOMENTO
Porque o momento
em que a palavra feliz é dita
nunca é o momento da felicidade.
Porque o sedento não traz
aos lábios sua sede.
Porque pela boca da classe operária
não passa a expressão classe operária.
Porque quem se desespera
não tem vontade de dizer:
"Estou desesperado."
Porque orgasmo e orgasmo
estão a mundos de distância.
Porque o moribundo,
em vez de declarar
"estou morrendo",
estertora apenas um gemido baixo
e, para nós, incompreensível.
Porque são os vivos
que enchem o ouvido dos mortos
com suas notícias atrozes.
Porque as palavras sempre chegam
tarde demais ou cedo demais.
Porque é um outro,
sempre um outro,
quem fala
e porque
aquele de quem se fala
silencia.
Hans Magnus
quinta-feira, 5 de junho de 2008
LEVEZA PARA QUINTA-FEIRA
quarta-feira, 4 de junho de 2008
ESSENCIALMENTE SAUDADES...
POEMA ESSENCIALMENTE NOTURNO
Quarta-feira... o frio continua...
Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
terça-feira, 3 de junho de 2008
Lispector para aquecer uma terça-feira gelada ...
segunda-feira, 2 de junho de 2008
O conceito e a prática da tolerância
Raymundo de Lima**
Levantamos três pontos sobre o conceito de tolerância e suas implicações, com o intuito de contribuir para uma maior clareza nos debates e intenções de ação prática.
1. Tolerância é uma das tantas virtudes[1], necessárias para elevar o ser humano à condição de civilidade. Ela faz parte do processo de desenvolvimento ético de indivíduos e grupos, cuja meta é levá-los a manter a "disposição firme e constante para praticar o bem". Implica em dois sentidos. “Ser virtuoso”, tanto pode ser um sujeito com disposição de praticar o bem, como também pode ser "toda pessoa que domina em alto grau a técnica de uma arte" (Dic. Aurélio: p.1465), por exemplo, ser um "virtuose na arte de tocar violino".
Na tradição da filosofia moral, a tolerância não é exatamente considerada uma "grande virtude" ou "virtude cardinal", tal como é a justiça, a coragem, a prudência e a temperança ou moderação. Contudo, ela não deve ser posta do lado das chamadas "pequenas virtudes", como é o caso da polidez. A tolerância deve ser vista numa posição especial, de entremeio das virtudes, sendo mais que respeito, polidez ou piedade. S.P. Rouanet, a vê "como passagem para um estágio mais civilizado e menos mecânico de convívio das diferenças". Sinaliza, no entanto, que "as diferenças não devem ser apenas toleradas, porque do contrário elas se reduziriam a um sistema de guetos estanques, que se comunicariam no espaço público; deve ser uma virtude que cause interpenetração entre os diferentes" (FSP, 9/2/03). Ou seja, a tolerância deve ser um ato constante de prevenção e educação[2].
Alain, pensador sempre citado nos estudos sobre as virtudes, diz que a tolerância "é uma espécie de sabedoria que supera o fanatismo, esse terrível amor à verdade" (apud A. Comte-Sponville (Pequeno tratado das grandes virtudes. SP: M. Fontes, 1995). No fundo, sinalizamos acima, ela é uma espécie de prevenção contra o dogmatismo, para que este não vire fanatismo (na dimensão pessoal), fundamentalismo (na dimensão religiosa) e totalitarismo (na dimensão de Estado ou de Governo).
Localizada como virtude de entremeio, a tolerância é exercício necessário para se conquistar a Sabedoria[3]. Na consideração de André Comte-Sponville, é uma virtude necessária para o exercício das coisas pequenas do cotidiano.
Nela, existe uma espécie de prontidão e atividade; "prontidão" a favor de idéias e atos de tolerância e "atividade" contra tudo que se cerceia, reprime, oprime, discrimina, que não respeita as diferenças humanas, sejam étnicas, culturais, religiosas, etc. A democracia é um bom exemplo de exercício, ao mesmo tempo, de "prontidão" e "atividade" de tolerância, ou seja, "democracia não é fraqueza. Tolerância, não é passividade", assinala Comte-Sponville. Olgaria Matos lembra que “tolerare” quer dizer “levar”, “suportar” e também “combater” (FSP-Mais! e www.librairie.hpg.ig.com.br/)
Quem se pretende possuir "a verdade", ou melhor, "a certeza", termina sendo intolerante em aceitar outros posicionamentos, se fechando a escuta de tudo que apresente diferente ou incompreensível ao seu esquema conceitual de fala e ação. O moralista, por exemplo, é in-tolerante com os que possuem valores diferentes do seu; em verdade, sabemos se tratar de um moralista quanto sofremos a imposição de seus valores, baseado em sua “certeza moral”. O moralista carrega a ambição de impor a todos, universalizando seus valores como certos. Enfim, "toda intolerância tende ao totalitarismo" ( "integrismo", em matéria religiosa). Ser intolerante é manter uma "atitude de ódio sistemático e de agressividade irracional com relação a indivíduos e grupos específicos, à sua maneira de ser, a seu estilo de vida e às suas crenças e convicções" (Rouanet, op.cit). Tradicionalmente, a religião tem sido o principal agente da intolerância, como também é vítima.
2. Um breve levantamento histórico diz que a palavra tolerância foi "parida" nos conflitos religiosos, no séc. 16, na época das guerras religiosas entre católicos e protestantes. André Lalande (Vocabulário técnico e crítico de filosofia. SP: M. Fontes, 1993), conta que "os católicos acabaram por tolerar os protestantes, e reciprocamente. Depois foi reclamada a tolerância em face de todas as religiões e de todas às crenças". A partir do século 19, a tolerância estendeu-se ao livre pensamento e, no século 20, passou a ser acordo internacional com intenção de ser exercitada, através da Carta aos Direitos Humanos em 1948, também através de algumas ONGs e de governos não totalitários.
3. Há um importante questionamento: a tolerância deve ter limites ou não? Para o escritor e Nobel em Literatura, José Saramago, "a tolerância para no limiar do crime. Não se pode ser tolerante com o criminoso. Educa-se ou pune-se" (FSP, 27/01/95). Nesse sentido, não se pode ser tolerante para com a tortura, o estupro, a pedofilia, a escravidão, o narcotráfico, o terrorismo, a guerra. Já o filósofo Vladimir Jankélévich, considera que, se levada a extremo, a tolerância "acabaria por negar a si mesma", Ou seja, "a tolerância só vale, pois, em certos limites, que são os de sua própria salvaguarda e da preservação de suas condições de possibilidade". O escritor e pacifista israelense Amós Oz, para quem a tolerância é a questão fundamental do séc. 21, nos deixa uma pergunta bem atual: "A tolerância deve se tornar intolerante para se proteger da intolerância?"(FSP, 10/1/99).
De todas as virtudes, a tolerância revela um paradoxo chamado por Karl Popper de "paradoxo da tolerância": "Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes, e se não defendermos a sociedade tolerante contra seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados, e com eles a tolerância".
Após os ataques de 11 de setembro de 2001 e a invasão anglo-americana ao Iraque, o filósofo S. Zizek analisa o paradoxo da tolerância numa democracia. Ou seja, uma democracia deve ou não impor limites de tolerância tendo em vista a ânsia dos intolerantes pelo poder? “Seria possível ser tolerante para com um partido antidemocrático, vencedor das eleições livres, com a plataforma de abolição da democracia formal? (como já aconteceu na Argélia). Seria possível ser tolerante para com uma invasão militar, com a justificativa de derrubar um ditador sanguinário para impor a democracia? É possível confiar numa democracia imposta? Democracia é um regime que se impõe autoritariamente, ou acontece segundo determinantes específicos e temporais da cultura?
Contudo, se a tolerância pudesse existir sem limites, se fosse uma virtude universal, onde todos fossem plenamente respeitados e respeitadores das diferenças humanas, provavelmente o mundo seria melhor de se viver. Mais que desejo e aspiração ética, seria uma utopia realizada. Entretanto, uma sociedade plenamente tolerante, continuaria sendo humana?
Referências bibliográficas:
COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das grandes virtudes. SP: M. Fontes, 1995.
JANKÉLÉVITH, V. O paradoxo da moral. Campinas: Papirus, 1991.
LALANDE, A. Vocabulário técnico e crítico de filosofia. São Paulo, M. Fontes, 1993.
MATOS, O. Sociedade, tolerância, confiança, amizade. Folha de S. Paulo, cad. Mais! e www.librairie.hpg.ig.com.br/
OZ, A. “Seu discurso resiste ao silêncio”. Folha de S.Paulo, cad. Mais! 10/01/1999.
POPPER, K. R. Conjecturas e refutações.Brasília. UnB. (apud: COMTE-SPONVILLE, A. op.cit.)
ROUANET, S. P. O Eros das diferenças. Folha de S.Paulo, cad. Mais!, 9/2/03.
SARAMAGO, J. Entrevista. Folha de S.Paulo, 27/01/95.
ZIZEK, S. O paradigma da ideologia. Folha de S. Paulo, cad. Mais! 20/04/2003
* Texto elaborado para uma primeira discussão conceitual acerca da formação do Grupo de Estudos Sobre a Tolerância.
** Psicanalista, Docente na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e doutorando na Faculdade de Educação (USP).
[1] No sentido da ética, virtude é o que faz com que um sujeito aja de forma a fazer o bem para si e para os outros. Platão considerava a virtude como uma qualidade que o indivíduo traz consigo e que, portanto, não pode ser ensinada. Aristóteles pensa o contrário, ou seja, ações boas realizadas e repetidas pelo sujeito, forma o hábito (gr.: areté = virtude) de ser bom. “Ela é a medida justa entre dois extremos, um por excesso e outro por falta. A partir da modernidade, se entende que a virtude é a disposição moral para o bem, ou “a força de resolução que o homem revela na realização de seu dever” (Kant). São virtudes: a justiça, a moderação, a prudência, a coragem, a tolerância, a generosidade, a humildade, a fidelidade, a polidez, etc...
[2] É fato que, aprendemos hábitos, conhecemos coisas, refletimos sobre idéias e teorias, mas nossa educação não ensina sobre como devemos nos relacionar com os outros. No fundo, tendemos a ver o outro como um inferno (Sartre). O problema existencial do ser humano é conviver com o que é tolerável em relação ao outro. Fica a cargo da ambiência cultural e do desenvolvimento psíquico, aprendermos a superar nossa onipotência narcísica infantil, que abriria caminho para um radical e efetivo "exercício da tolerância", ou seja, aceitar a conviver com o outro como ele é e pensa.
[3] Sabedoria (lat. Sagesse), não é apenas a prudência, mas “um perfeito conhecimento de tudo o que os homens podem saber". Inclui a humildade socrática, a disposição para o saber integral, o bom-senso e a arte de bem viver a vida. Diferente da ciência, a sabedoria não é para ser acumulada, mas para ser esquecida ao ser testada na prática da vida. O "velho sábio" chinês Lao Tsé, dizia que "sabedoria é esquecer saberes". Ou como dizia Sócrates, “a única coisa que sabia é que nada sabia”. O lugar do homem de sabedoria é o da humildade. Nesse sentido, a “sabedoria” se opõe aos “conhecimentos” (ou ”saberes”) fragmentados das especialidades científicas. O cientista (expert), pode ser um sujeito cheio de conhecimentos e, ao mesmo tempo, ser cego ao geral e inábil na prática cotidiana. Vive, por assim dizer, na contramão da sabedoria. “A sabedoria é desprovida de paixão, ao contrário da religião que é cheia de cor” (Wittgenstein). O princípio da Sabedoria é a capacidade do ser humano de unir partes ao todo, integrando-as na vida prática. No campo das ciências, o projeto inter e transdisciplinar parece sustentarem tal meta. Edgard Morin declara que o homem moderno aprendeu a fazer ciência, separando excessivamente as disciplinas, mas ainda não aprendeu a juntá-las. Unir esses conhecimentos, num todo teórico, complexo e prático diminuiria não só a alienação, o dogmatismo, a arrogância daqueles que detém o saber como um poder, mas se ampliaria o tratamento conceitual e prático sobre as coisas humanas e do mundo.