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sábado, 20 de novembro de 2010

outra vez os dias...

Foi esta, portanto a furtiva impureza que herdamos

sem saber como, este espaço, este canto assim vago,

estes espasmos desmaiados, este tempo, este mundo,

estas arestas, estes pedaços de terra, estes dramas

de inércia e dentes pouco aguçados, os mesmos

rostos rasos ao chão, estes remorsos, estes cafés

onde nos recompomos das derrotas, este modo

de despejar os cinzeiros, estas tardes, este aclarar

da garganta para nada e os rebuçados amarelos

e doces para a tosse, a lucidez, os oscilantes sons

das campainhas, a satisfação ardente dos líquidos

raros, a gradação de intensidade das lâmpadas,

e os dias sempre os dias outra vez os dias.

(Miguel Cardoso)

domingo, 31 de outubro de 2010

“Cortaram os trigos. Agora
A minha solidão vê-se melhor”

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

sábado, 6 de junho de 2009

mais nada ...


"Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
O mais é nada"
(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Se puderes...


Recomeça...
Se puderes,
sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
nesse caminho duro
do futuro,
dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
e vendo,
acordado,
o logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Somos feitos de sonhos...




Matar o sonho é matarmo-nos.
É mutilar a nossa alma.
O sonho é o que temos de realmente nosso,
de impenetravelmente e
inexpugnavelmente nosso.
(Fernando Pessoa)

sábado, 21 de março de 2009

Descartável, indiferente e moderno! Assim é a vida contemporânea...


Porque entre o sim e o não é só um sopro,
entre o bom e o mau apenas um pensamento,
entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos -
e a poeira do tempo,
com todo o tempo que eu perdi,
tudo recobre,
tudo apaga, '
tudo torna simples e
tão indiferente.

Lya Luft

quinta-feira, 12 de março de 2009

... vazio ruidoso do mundo.


SILÊNCIO
Minha casa tão longe do mar.
Minha vida tão lenta e cansada.
Quem me dera deter-me a sonhar!
Uma noite de lua na praia!
Morder musgos avermelhados e ácidos
E ter por fresquíssimo travesseiro
Um montão dessas curvas pedras
Que há polido o sal das águas.
Dar o corpo aos ventos sem nome
Abaixo o arco do céu profundo
E ser toda uma noite, silêncio,
No vazio ruidoso do mundo.
Juana de Ibarbourou

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ver o que nunca se tinho visto antes




O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo…

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar…

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar…

Fernando Pessoa

sábado, 7 de março de 2009

Para o dia de hoje...


"... Há dias em que nego e outros onde nasço
há dias só de fogo e outros tão rasgados
Aqueles onde habito
com tantos dias vagos"
Maria Tereza Horta

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mais um dia...


" Cozinhar
Costurar
o sol
PARA VIR À LUZ"
(Denise Beier)