quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Última fatia de 2008...
domingo, 28 de dezembro de 2008
Sinais evaporados a grafite
na dissoluta e aérea boca do tempo deslacei a carta.
evaporada a grafite deixo-te o golpe.
como luz.
ou cicatriz.
nada que não possas entender no monólogo das manhãs sem domínios.
dominós de ais.
como poros.
ou ravinas.
(Isabel Mendes Ferreira)
sábado, 27 de dezembro de 2008
... estranha sensação
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Cheiro de mata ... frio ... vinho ... lembranças ... ausências...
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
... já é NATAL!
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Designo
Mario Benedetti
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Claro feito dia ...
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Ei! O que você gostaria de sonhar esta noite?
Como quem resolve uma viagem, devíamos poder escolher essas excursões sem veículos nem companhia – por mares, grutas, neves, montanhas, e até pelos astros, onde moram desde sempre heróis e deuses de todas as mitologias, e os fabulosos animais do Zodíaco.
Devíamos, à vontade, passear pelas margens do Paraíba, lá onde suas espumas crespas correm com o luar por entre as pedras, ao mesmo tempo cantando e chorando. Ou habitar uma tarde prateada de Florença, e ir sorrindo para cada estátua dos palácios e das ruas, como quem saúda muitas famílias de mármore… - Ou contemplar nos Açores hortências da altura de uma casa, lagos de duas cores, e cestos de vime nascendo entre fontes, com águas frias de um lado e, do outro quentes… – Ou chegar a Ouro Preto e continuar a ouvir aquela menina que estuda piano há duzentos anos, hesitante e invisível – enquanto o cavalo branco escolhe, de olhos baixos o trevo de quatro folhas que vai comer…
Quantos lugares, meu Deus, para essas excursões! Lugares recordados ou apenas imaginados. Campos orientais atravessados por nuvens de pavões. Ruas amarelas de pó, amarelas de sol, onde os camelos de perfil de gôndola, estacionam com seus carros.Avenidas cor de rosa, por onde, cavalinhos emplumados, de rosa na testa e colar ao pescoço, conduzem leves e elegantes policromos…
…E lugares inventados, feitos ao nosso gosto: jardins no meio do mar; pianos brancos que tocam sozinhos; livros que se desarmam, transformados em música…
Oh! Os sonhos do “Poronominare”!… Lembram-se!
Sonhos dos nossos índios: rios que vão subindo por cima das ilhas:…meninos transparentes, que deixam ver a luz do sol do outro lado do corpo …gente com a cabeça de pássaro…flechas voando atrás de sombras velozes… moças que se transformam em guaribas…canoas … serras… bando de beija-flores e borboletas que trazem mel para a criança que tem fome e a levantam em suas asas…
Devíamos poder sonhar com as criaturas que nunca vimos e gostaríamos de ter visto: Alexandre, o Grande; São João Batista; o Rei David, a cantar; o Príncipe Gáutama…
E sonhar com os que amamos e conhecemos, e estão perto ou longe, vivos ou mortos… Sonhar com eles no seu melhor momento, quando foram mais merecedores de amor imortal….
Ah!… – que gostaria você de sonhar esta noite?
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Esperar o nascer de um novo dia
O fundo dos olhos da noite
guarda silêncios.
Esconde na retina
a menina que corre descalça em campo aberto.
Pálpebras cerradas, a noite emudece.
A menina com medo
faz um furo no escuro com a ponta do dedo.
Cai um pingo de luz.
Amanhece.
Esperar
O vento anda ficando mentiroso.
Prometeu trazer você, não trouxe.
Ficou de dizer o porquê, não disse.
Esperou que eu me distraísse,
passou depressa, rumo ao horizonte.
Já não tem importância
que cometa outra vez,
um ato de inconstância...
Aprendi a esperar...
Se ventos são capazes de levar embora,
a qualquer hora, também,
são capazes de fazer voltar.
(Flora Figueiredo)
domingo, 14 de dezembro de 2008
No mais...
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Metamorfoses
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
A felicidade é clandestina
Às seis horas da manhã, a mulher entra no mar: este, o mais ininteligível das existências não humanas; ela, o mais ininteligível dos seres vivos.
Ela vai entrando, cumprindo uma coragem. Avançando, abre o mar pelo meio. Ela brinca com a água. Com a concha das mãos cheia de água, bebe em goles grandes.
“E era isso o que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem.Agora ela está toda igual a si mesma.”
Mergulha de novo, de novo bebe mais água. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, não recebe transmissões. Depois caminha na água e volta à praia. Agora, pisa na areia.
“E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de um náufrago. Porque sabe – sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.”
Clarice Lispector - Felicidade Clandestina
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Esperarei pelo tempo...
seca o amor,
O tempo seca a saudade,
O tempo seca o desejo
Esperarei pelo tempo
(Cecília Meireles)
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Qual máscara estará sendo usada hoje?
domingo, 7 de dezembro de 2008
... tudo aos poucos se esclarece
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Interrogações & nada
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Palavras ... simples, inexistentes, faladas, escritas, não ditas...
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
domingo, 30 de novembro de 2008
Depois do Fevereiro
Não se ouvirá mais sons
Não se escutará as falas
Não se sentirá os toques
Vislumbra-se a certeza de que as tormentas se acalmaram
As correntes se fixaram
As paredes se consolidaram
E os desejos foram domados
sábado, 29 de novembro de 2008
Um sábado para ousar
Soltem-me
Quero
Esbofetear o mundo
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Faz de conta! Para que ter ilusão?
Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando.
(Clarice Lispector)
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Todas as horas são extremas
O tempo é indivisível.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
A metáfora do "Anjo" de W. Benjamin para uma quarta-feira
Walter Benjamin
Há um quadro de Klee chamado Angelus Novus. Representa um anjo que parece a ponto de afastar-se para longe daquilo a que está olhando fixamente. Seus olhos estão arregalados, sua boca aberta, suas asas estendidas. O anjo da história deve ter este aspecto. Seu rosto está voltado para o passado. Onde diante de nós aparece um encadeamento de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que vai empilhando incessantemente escombros sobre escombros, lançando-os diante de seus pés. O anjo bem que gostaria de se deter, despertar os mortos e recompor o que foi feito em pedaços. Mas uma tempestade sopra do Paraíso e se prende em suas asas com tal força, que o anjo já não as pode fechar. A tempestade irresistivelmente o impele ao futuro, para o qual ele dá as costas, enquanto o monte de escombros cresce até o céu diante dele. O que chamamos de Progresso é esta tempestade.
Não me faças rir!
Comigo?
Onde andará o sentido?
Sentado á beira do abismo?
Abismado com tanto cinismo?
Onde andará o sentido?
Sentado no cais a ver navios?
No meio do mar à deriva?
Onde o sentido se esquiva? "
(Chacal)
terça-feira, 25 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Nossos Tempos
Algo parecia faltar à divindade. pois nada existia que lhe fizesse oposição.
LUClEN
Prometeu no Cáucaso
QUE SIGNIFICA PROMETEU para o homem de nossos tempos? Poder-se-ia dizer, provavelmente, que esse revoltado contra os deuses é o modelo do homem contemporâneo e que o protesto lançado, há milhares de anos, nos desertos da Cita deságua hoje numa convulsão histórica sem igual. Contudo, ao mesmo tempo, algo nos faz pensar que aquele ser perseguido continua vivendo sua sina entre nós e que ainda estamos surdos ao tremendo grito da revolta humana cujo sinal solitário ele nos dá.
Com efeito, o homem atual é aquele que, em massas gigantescas, sofre sobre a estreita superfície da terra, o homem privado de fogo e de alimento, para quem a liberdade não passa de mero luxo que pode esperar; e para esse homem o problema não pode residir tão-somente em sofrer um pouco mais, assim como para a liberdade e suas derradeiras testemunhas a questão não pode ser apenas a de desaparecer um pouco mais. Prometeu, por sua vez, amou os homens o bastante para ser capaz de dar-lhes, a um só tempo o fogo e a liberdade, as técnicas e as artes. Hoje, a humanidade só necessita das técnicas e só a elas dá importância. Revolta-se de dentro de suas máquinas, considerando a arte e tudo o que ela pressupõe como um obstáculo e um estigma de servidão. O que caracteriza Prometeu, ao contrário, é que ele não pode separar a máquina da arte. Julga possível libertar, concomitantemente, os corpos e as almas. O homem atual acredita na necessidade de libertar o corpo em primeiro lugar, ainda que o espírito deva morrer provisoriamente. Mas será que o espírito pode morrer provisoriamente? Na realidade, se Prometeu retomasse, os homens de hoje fariam como os deuses de outrora: cravariam-no ao rochedo, vítima do mesmo humanismo do qual é o símbolo primeiro. As vozes inimigas que insultaram o vencido no passado seriam as mesmas que repercutem no limiar da tragédia de Ésquilo: as da Força e da Violência.
Será que estou cedendo ao tempo avaro, às árvores nuas, ao inverno do mundo? Mas é precisamente a nostalgia de luz que me dá razão: fala-me de um outro mundo. Minha verdadeira pátria. Terá ela ainda sentido para alguns homens? No ano da guerra, tencionava refazer o périplo de Ulisses. Naquela época, mesmo um rapaz pobre podia aspirar ao projeto suntuoso de atravessar um mar inteiro para ir ao encontro da luz. Entretanto, acabei fazendo como muitos outros. Não embarquei. Assumi meu lugar na fila que marcava passo diante da porta aberta do inferno. Pouco a pouco fomos entrando. E, ao primeiro brado da inocência assassinada, a porta bateu com violência atrás de nós. Estávamos no inferno e dele jamais conseguimos escapar. Após seis longos anos, continuamos tentando uma saída. As visões cálidas das ilhas afortunadas rareavam cada vez mais; e quando reapareciam, era somente na projeção de outros tantos longos anos que ainda teríamos de viver, sem ânimo e sem sol.
Nesta Europa úmida e negra como seria possível receber um calafrio de remorso e de difícil cumplicidade o lamento do velho Chateaubriand. A Ampère, que partia para a Grécia: "Não havereis de reencontrar nem uma folha das oliveiras nem um grão das uvas que vi na Ática. Tenho saudade até mesmo da relva do meu tempo. Faltou-me força para manter viva uma urze sequer". Também nós, submersos, apesar de nosso sangue jovem, na terrível velhice deste último século, às vezes sentimos saudades da relva de todos os tempos, da folha de oliveira que já não iremos ver por ela mesma e das uvas da liberdade. O homem está em toda a parte, em toda a parte estão seus gritos, sua dor e suas ameaças. Entre tantas criaturas reunidas já não há mais lugar para os grilos. A história é uma terra estéril onde a urze não nasce. Contudo, o homem de hoje escolheu a história; e não podia nem devia dela desviar-se.
Mas, em vez de utilizá-la em benefício próprio, consente, cada dia um pouco mais, em ser-lhe escravo.
Ê então que o homem trai Prometeu, esse filho "de pensamentos ousados e de alma livre". Ê então que retoma à miséria dos homens, que Prometeu desejou salvar. "Eles olhavam sem ver, ouviam sem escutar, semelhantes às figuras dos sonhos..."
Sim, basta-nos uma noite na Provença, uma colina perfeita, um odor de sal, para perceber que tudo ainda está por fazer. .Cabe a nós a tarefa de reinventar o fogo e de reinstaurar os ofícios, a fim de apaziguar a fome do corpo. A Atica, a liberdade e suas vindimas, o pão da alma ficarão para o futuro.
Nesse caso, só nos resta lamentar intimamente: "Nada disso existirá jamais ou só existirá para outros", e nos empenhamos a fundo para que esses outros, ao menos, não se vejam frustrados. Nós, que percebemos tudo isso com um sentimento de dor, tentando, entretanto, tudo aceitar com o coração isento de amargura, estaremos, pois, atrasados ou avançados demais? Teremos a força de fazer reviverem as urzes?
A essa indagação crescente de nosso século, pode-se imaginar qual seria a resposta de Prometeu. Na verdade, ele já a pronunciou. "Prometo-vos a reforma e a reparação, ó mortais, se fordes suficientemente hábeis, suficientemente virtuosos e suficientemente fortes para realizá-las com vossas próprias mãos." Então, e se é verdade que a salvação está em nossas mãos, minha resposta àquela pergunta seria afirmativa, por justificar-se na força madura e na coragem esclarecida cuja existência percebo sempre em certos homens que conheço. "Ó justiça, o minha mãe", exclama Prometeu, "vês o que me fazem sofrer". E Hermes escarnece o herói: "Espanta-me que, sendo divino, não tenhas previsto o suplício que sofres". "Eu sabia", responde o revel. Os homens a que me refiro são, também eles, filhos da justiça. Também eles sofrem a infelicidade de todos, tendo a exata noção de sua causa. Sabem perfeitamente que não existe justiça cega, que a história não tem olhos e que, portanto, é necessário rejeitar sua justiça, substituindo-a, na medida do possível, por uma noção concebida pelo espírito. Ê nesse momento que Prometeu torna a entrar em nosso século.
Os mitos não têm vida por si mesmos. Aguardam que nós os encarnemos. Mesmo que um só homem no mundo responda ao seu apelo, é o bastante para nos oferecerem a seiva intacta. Nossa tarefa é a de preservar esse homem e de fazer com que seu sono não seja imortal, a fim de.que a ressurreição se torne possível. Por vezes duvIdo de que nos. seja dado salvar o homem ti.. nossos tempos. Mas ainda é possível salvar os filhos desse homem, em seus corpos e em seu espírito. É possível oferecer-lhes as oportunidades da felicidade e da beleza, a um só tempo. Se devemos resignar-nos a viver sem a beleza e a liberdade que ela implica, o mito de Prometeu está entre aqueles que nos farão lembrar que toda mutilação do homem não pode ser senão provisória e que ninguém mostra nada do homem se
ir não o apresenta por inteiro. Se ele tem fome de pão e de urzes e se é verdade que o pão é mais necessário, aprendamos então a preservar a lembrança das urzes. No coração mais sombrio da história, os homens de Prometeu, sem interromper seu penoso ofício, conservarão um olhar sobre a terra e sobre a relva incansável. O herói acorrentado, mesmo sob o raio e o trovão divinos, mantém inabalável sua fé no homem. Assim, ele é mais duro que sua rocha, mais paciente que seu abutre. Melhor do que a revolta contra os deuses, é essa longa obstinação que faz sentido para nós; e essa admirável vontade de não separar nem excluir nada que sempre reconciliou e reconciliará o coração dolorido dos homens e as primaveras do mundo.
domingo, 23 de novembro de 2008
DA VIDA CONCRETA
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstracta
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
(Álvaro de Campos)
sábado, 22 de novembro de 2008
Lembranças
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
O Sol que peca ... LIBERDADE
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar? nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre,
bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa,
essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papeis pintados com tinta.
Estudar?
Uma coisa que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor,
quando há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia,
a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores,
música,
o luar, e o sol que peca
Só quando,
em vez de criar,
seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
(Fernando Pessoa)
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Estou precisando...
De vez en cuando hay que hacer
una pausa
contemplarse a sí mismo
sin la fruición cotidiana
examinar el pasado
rubro por rubro
etapa por etapa
baldosa por baldosa
y no llorarse las mentiras
sino cantarse las verdades.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
A VIDA É RENDEIRA...
(Flora Figueiredo)
terça-feira, 18 de novembro de 2008
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Observo com assombro
domingo, 16 de novembro de 2008
Reflexão para um final de domingo. Está na hora de rompermos "dogmas"
Os dogmas mais nocivos nem sequer são os que como tal foram expressamente enunciados, como é o caso dos dogmas religiosos, porque estes apelam à fé, e a fé não sabe nem pode discutir-se a si mesma.
Outro domingo! Que os poemas tragam paz...
Um Poema
Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente, de coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar ao levantar,
ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza de que mal não te faz
E pode acontecer que te dê paz...
(Miguel Torga)
sábado, 15 de novembro de 2008
Eu a beira do vento
O amor é vermelho.
O ciúme é verde.
Meus olhos são verdes.
Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros.
Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu.
Eu, implorante, eu -
a que necessita,
a que pede,
a que chora,
a que lamenta.
Mas a que canta.
A que diz palavras.
Palavras ao vento?
Que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento.
O morro dos ventos uivante me chama.
Vou, bruxa que sou.
E transmuto ..."
(Clarice Lispector)
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
... o existido continua a doer eternamente.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Amanheçe...bebo Drummond e mastigo saudades...
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Paciência
"Sê paciente;
espera que a palavra amadureça
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Dialogando com Clarice Lispector
"Onde aprender a odiar para não morrer de amor?"
(Clarice Lispector)
Foi despejando suas palavras duras e frias
Nos intervalos, meticulosamente – planejado
Lançava um monossílabo de um ‘não’
Depois saiu rapidamente
Deixando aquele vazio
Aquele ar rarefeito
Aquele som de porta batendo
Tudo meticulosamente planejado
Até a porta batendo
domingo, 9 de novembro de 2008
Como se fosse um papel em branco
(Luiz Gabriel Lopes)
sábado, 8 de novembro de 2008
(...)
"E, de qualquer forma, às cegas, às tontas, tenho feito o que acredito, do jeito talvez torto que sei fazer."
(Caio Fernando de Abreu)
(...) e neste caminho vou perdendo e tentando conter a sangria das feridas.
Entender o mundo é rasgar ilusões
A PRIMEIRA VEZ QUE ENTENDI
A primeira vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na infância
cortei o rabo de uma lagartixa
e ele continuou mexendo.
De lá pra cá
fui percebendo que as coisas permanecem
vivas e tortas
que o amor não acaba assim
que é difícil extirpar o mal pela raiz.
A segunda vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na adolescência me arrancaram
do lado esquerdo três certezas
e eu tive que seguir em frente.
De lá pra cá
aprendi a achar no escuro o rumo
e sou capaz de decifrar mensagens
seja nas nuvens
ou no grafite de qualquer muro.
(...) seja no silêncio da página em branco....