quinta-feira, 4 de março de 2010

Manhã

Estou

E num breve instante

Sinto tudo

Sinto-me tudo

Deito-me no meu corpo

E despeço-me de mim

Para me encontrar

No próximo olhar .

Ausento-me da morte

não quero nada

eu sou tudo

respiro-me até à exaustão .

Nada me alimenta

porque sou feito de todas as coisas

e adormeço onde tombam a luz

[e a poeira

A vida (ensinaram-me assim)

deve ser bebida

quando os lábios estiverem

[já mortos

Educadamente mortos

(Mia Couto)

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