quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fico pensando...

Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar

A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: Achei! Achei!

Mas ele escorrega se espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça.

A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê. Cada um que surge parece o último, mas todos são de barro, quebram-se antes que possamos reformular as perguntas.

E começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano.

Um dia a gente chega à frente do espelho e descobre: Envelheci!

Então a busca termina. As perguntas colam no fundo da garganta, e vem a morte.

Que talvez seja a grande resposta.
A única.

(Caio Fernando de Abreu)

Nenhum comentário: