segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A propósito do nada



sou
para o outro
este corpo esta
voz
sou o que digo
e faço
enquanto posso

mas
para mim
só sou
se penso que sou
enfim
se sou
a consciência
de mim

e quando
vinda a morte
ela se apague
serei o que alguém acaso
salve
do olvido

já que
para mim
(lume apagado)
nunca terei existido

(Ferreira Gullar)

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