terça-feira, 19 de maio de 2009

Um adeus entre parênteses

A vida esse parêntese
Quando o não-ser fica em suspense
abre-se a vida
esse parêntese
com um gemido universal de fome
somos famintos desde o vamos
e o seremos até o vamo-nos
depois de muito descobrir
e brevemente amar e acostumar-nos
à falida eternidade
a vida se encerra em vida
a vida esse parêntese
também se fecha
incorre
em um gemido universal
o último
e então somente então
o não-ser segue para sempre
(Mario Benedetti)

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