domingo, 5 de julho de 2009

Se tê-las sabe a não as ter?



Onde pus a esperança, as rosas

Murcharam logo.

Na casa, onde fui habitar,

O jardim, que eu amei por ser

Ali o melhor lugar,

E por quem essa casa amei -

Deserto o achei,

E, quando o tive, sem razão para o ter

Onde pus a afeição, secou

A fonte logo.

Da floresta, que fui buscar

Por essa fonte ali tecer

Seu canto de rezar -

Quando na sombra penetrei,

Só o lugar achei

Da fonte seca, inútil de se ter.

Para quê, pois, afeição, esperança,

Se perco, logo

Que as uso, a causa para as usar,

Se tê-las sabe a não as ter?

Crer ou amar -

Até à raiz, do peito onde alberguei

Tais sonhos e os gozei,

O vento arranque e leve onde quiser

E eu os não possa achar!

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